Irã sob nova direção militar: que impacto terá a Guarda Revolucionária?
A liderança militar ganha força e assume um papel central nas decisões estratégicas do regime

Após 12 dias de confrontos intensos, que incluiram ataques israelenses e norte-americanos a múltiplos alvos iranianos, o Irã passa por um momento de redefinição de poder. A liderança militar, especialmente a Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC), ganha força e assume um papel central nas decisões estratégicas do regime.
1. Centralização de poder na IRGC
No dia 18 de junho de 2025, o aiatolá Ali Khamenei transferiu amplos poderes relativos à segurança nacional à IRGC, com autonomia para decisões militares e até nucleares, sem supervisão clerical direta . A manobra é vista como preparação para um futuro sem Khamenei – com a IRGC como pilar de estabilidade caso ele não esteja mais no comando.
2. Reconstrução e reforma na cúpula militar
Durante os confrontos, líderes importantes da IRGC foram mortos por ataques israelenses: o comandante da Força Aeroespacial foi morto em 13 de junho, seguido por renovação imediata da chefia com o brigadeiro Hossein Mousavi . Outra troca expressiva ocorreu na inteligência da IRGC: Majid Khademi assumiu em 19 de junho após a morte de seu antecessor . Khamenei ainda promoveu uma reforma ampla do alto comando militar .
3. Retaliação e repressão interna
Em resposta, o Irã lançou mísseis contra uma base aérea dos EUA no Catar em 23 de junho — a Operação “Glad Tidings of Victory” —, com danos controlados e sem vítimas . Internamente, houve intensificação da repressão: prisões em massa — mais de 700 pessoas suspeitas de espionagem foram detidas, seis já executados . Novas leis de segurança e tribunais especiais reforçam o controle político.
4. Tensão internacional e ações de inteligência
Autoridades europeias, como na Alemanha, apontam que a Força Quds — braço externo da IRGC — pode ter ordenado vigilância de judeus em Berlim . O Irã nega, mas a crise diplomática se agrava. Paralelamente, continua a cooperação entre Mossad e Forças israelenses, responsável pelos ataques e por sabotagem de infraestrutura interna iraniana .
5. Um regime militarizado
Analistas apontam que o Irã caminha para se tornar uma "teocracia militarizada" — com a IRGC no centro da tomada de decisões, acima dos clérigos . Esse reposicionamento pode impulsionar ações ofensivas mais rápidas e menos diplomáticas, elevando o risco de escalada militar.
⚖️ Balanço geral
Comando militar fortalecido: IRGC recebe autonomia estratégica e expande influência.
Reposição rápida da liderança: substituições em alto escalão garantem continuidade operacional.
Repressão interna intensa: prisões, execuções e leis duras para dissidência.
Escalada externa latente: ameaça de ações contra Israel e Estados Unidos cresce.
Crise diplomática vigente: tensões com a Europa elevadas.
🔍 O que vem a seguir?
A ampliação do poder militar dentro do regime abre espaço para uma postura mais agressiva no exterior e menos tolerante internamente. A comunidade internacional observa com preocupação a militarização da tomada de decisões. O futuro dos protestos dentro do Irã, a sucessão de Khamenei e a reação ocidental à IRGC são pontos que podem alterar profundamente a direção política da República Islâmica.
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