Lula condena ataque dos EUA ao Irã e alerta para risco de guerra
Presidente afirma que ação viola soberania iraniana e defende solução diplomática via ONU

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou com veemência, nesta segunda-feira (23), os ataques aéreos realizados pelos Estados Unidos contra instalações nucleares no Irã. Em discurso no Palácio do Planalto, Lula classificou a ofensiva como uma "grave violação da soberania" e um "retrocesso perigoso" na busca pela paz no Oriente Médio.
> “Não é possível aceitar que um país, por mais poderoso que seja, aja unilateralmente e coloque em risco a vida de milhares de civis. O caminho da guerra nunca será o caminho do Brasil”, afirmou o presidente.
A declaração foi feita após o bombardeio de três centros nucleares iranianos — Fordow, Natanz e Isfahan — por forças norte-americanas, na última sexta-feira (21). A ofensiva, batizada de “Operação Martelo da Meia-Noite”, teve como justificativa conter o avanço do programa nuclear iraniano. O governo de Teerã respondeu com ataques a bases norte-americanas e israelenses na região.
Nota oficial
O Ministério das Relações Exteriores também divulgou nota oficial repudiando os ataques e reafirmando o compromisso do Brasil com a paz e o direito internacional. O texto classifica os bombardeios como uma violação da Carta das Nações Unidas e alerta para riscos de contaminação radioativa e danos ambientais.
“O Brasil defende a resolução pacífica dos conflitos e reafirma a importância de organismos internacionais, como a ONU e a AIEA, para o tratamento de disputas envolvendo programas nucleares”, diz a nota do Itamaraty.
Repercussão
A fala de Lula dividiu opiniões no Congresso. Parlamentares da oposição acusaram o presidente de “passar pano para regimes autoritários” e de prejudicar as relações com os Estados Unidos. Já aliados do governo elogiaram a postura como “soberana, coerente e diplomática”.
Líderes latino-americanos de países como Colômbia, México e Bolívia demonstraram apoio à posição brasileira. Já Washington e Tel Aviv criticaram a “equivocada neutralidade” de Brasília diante das ameaças do regime iraniano.
Papel internacional
A reação do governo brasileiro reafirma a tradição diplomática do país, marcada pela defesa do multilateralismo, do diálogo e da solução pacífica dos conflitos. Durante seu discurso, Lula reforçou que o Brasil não compactua com ações militares unilaterais.
> “O mundo não precisa de mais bombas, mas de mais diálogo. É hora de sentar à mesa e construir a paz. Essa é a única guerra que vale a pena ser vencida”, concluiu o presidente.
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