Moraes assume papel de acusador e juiz no julgamento de Bolsonaro
situação inédita e preocupante do ponto de vista democrático

No centro do julgamento histórico contra Jair Bolsonaro está o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal. Mais do que conduzir os trabalhos, Moraes se tornou protagonista absoluto, acumulando as funções de investigador, acusador e juiz — situação inédita e preocupante do ponto de vista democrático.
Foi Moraes quem abriu os inquéritos, quem autorizou buscas e prisões, quem aceitou delações e agora conduz o julgamento. Essa concentração de poder gera críticas até mesmo de juristas que não apoiam Bolsonaro, pois fere o princípio básico da imparcialidade judicial. Afinal, como pode o mesmo ministro que construiu a acusação se colocar como árbitro do caso?
A atuação de Moraes tem sido marcada por decisões unilaterais, muitas vezes contestadas pela própria comunidade jurídica internacional. Relatórios de entidades de direitos humanos apontam que o ministro extrapolou suas funções constitucionais ao censurar jornalistas, fechar perfis em redes sociais e perseguir opositores políticos sob a justificativa de “defender a democracia”.
No julgamento de Bolsonaro, essa postura se repete: a condução dos debates sugere que a condenação já estaria previamente desenhada. Moraes, ao se colocar como o grande adversário político do ex-presidente, compromete a imagem do STF e reforça a ideia de que o tribunal se transformou em trincheira ideológica.
Para o campo conservador, o julgamento é mais sobre a força de Moraes do que sobre os atos de Bolsonaro. A corte máxima do país corre o risco de se tornar refém da vontade de um único ministro, minando a confiança da população na Justiça. O Brasil observa, e a pergunta que ecoa é simples: quem julga o julgador?
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