Oswaldo Meza
Prontuário Médico: Como Proteger o Médico de Riscos Jurídicos?

Prontuário Médico: Como Proteger o Médico de Riscos Jurídicos?
O prontuário médico é um documento essencial na relação entre médicos, pacientes e instituições de saúde. Além de registrar o histórico clínico, ele funciona como uma ferramenta de proteção legal para os profissionais de saúde. No entanto, quando não é preenchido de forma adequada, o prontuário pode expor o médico a riscos jurídicos, como processos éticos, administrativos ou judiciais.
Neste artigo, abordamos a importância do prontuário médico, os cuidados necessários para evitar problemas legais e como garantir a segurança do profissional e do paciente.
O Que é o Prontuário Médico?
O prontuário médico é o registro documental que reúne todas as informações sobre a saúde de um paciente. Ele inclui:
- Dados pessoais.
- Diagnósticos.
- Resultados de exames.
- Tratamentos realizados.
- Prescrições médicas.
De acordo com o Código de Ética Médica e a Resolução CFM nº 2.217/2018, o prontuário é um documento obrigatório e deve ser preenchido de forma clara, precisa e completa.
Importância do Prontuário Médico
O prontuário vai além de um registro clínico: ele é uma ferramenta fundamental para proteger os interesses do médico e garantir um atendimento de qualidade ao paciente.
1. Evidência em Casos de Disputa
- Em processos judiciais ou éticos, o prontuário é a principal fonte de prova para demonstrar que o médico agiu dentro das normas técnicas e éticas.
2. Garantia da Continuidade do Cuidado
- Um prontuário bem preenchido permite que outros profissionais de saúde deem continuidade ao tratamento com segurança.
3. Base para Auditorias
- É utilizado por operadoras de saúde e instituições para verificar a conformidade dos serviços prestados.
Riscos Jurídicos Relacionados ao Prontuário Médico
Quando o prontuário não é preenchido corretamente, o médico pode enfrentar problemas legais, como:
1. Processos por Erro Médico
- A ausência de informações ou registros incompletos pode ser interpretada como negligência.
2. Questionamentos Éticos
- O Conselho Regional de Medicina (CRM) pode abrir sindicâncias ou processos éticos caso o prontuário não esteja conforme as normas.
3. Violações à Privacidade
- O vazamento ou compartilhamento indevido de informações viola a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e o sigilo profissional, acarretando sanções administrativas e judiciais.
Como Proteger o Médico dos Riscos Jurídicos?
Seguir boas práticas no preenchimento e na gestão do prontuário é essencial para garantir a proteção do médico. Confira as principais recomendações:
1. Preenchimento Completo e Claro
- Registre todas as informações relevantes, incluindo:
- Diagnósticos.
- Prescrições e orientações fornecidas ao paciente.
- Assinaturas e carimbos, quando aplicável.
- Evite rasuras e abreviações que possam gerar interpretações equivocadas.
2. Atualização Constante
- Mantenha o prontuário atualizado em todas as consultas e procedimentos.
3. Uso de Prontuário Eletrônico
- O prontuário eletrônico é mais seguro, pois evita perdas e facilita o acesso às informações. Certifique-se de utilizar sistemas que atendam aos requisitos de segurança e sigilo previstos pela LGPD.
4. Garantia de Confidencialidade
- Armazene o prontuário em local seguro e controle o acesso às informações, restringindo-o apenas a profissionais autorizados.
5. Conhecimento das Normas Éticas
- Familiarize-se com o Código de Ética Médica e as resoluções do CFM sobre preenchimento e sigilo do prontuário.
6. Solicitação de Consentimento Informado
- Registre no prontuário que o paciente foi devidamente informado e consentiu com os tratamentos e procedimentos realizados.
O Papel da LGPD na Gestão do Prontuário Médico
A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) reforça a necessidade de proteger os dados pessoais e sensíveis do paciente. Isso inclui:
- Coleta e Armazenamento:
- Apenas informações essenciais devem ser coletadas e armazenadas.
- Acesso Restrito:
- O acesso deve ser limitado a profissionais envolvidos no tratamento.
- Finalidade Específica:
- Os dados do prontuário só podem ser usados para os fins relacionados à saúde do paciente.
O descumprimento dessas normas pode resultar em multas e sanções administrativas para o médico ou instituição.
Conclusão
O prontuário médico é mais do que um documento: é uma ferramenta essencial para proteger o médico de riscos jurídicos e garantir a qualidade do atendimento ao paciente. Um preenchimento completo, atualizado e seguro, alinhado às normas éticas e à LGPD, é fundamental para evitar problemas legais.
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